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Sustentabilidade e seguros: Brasil e o cenário internacional

Sustentabilidade e seguros: Brasil e o cenário internacional

08/09/2025

O papel do setor de seguros na transição climática 

O setor de seguros e resseguros ocupa posição estratégica na adaptação a uma economia de baixo carbono. Reguladores e tribunais, tanto no Brasil quanto internacionalmente, têm estabelecido novas regras que influenciam diretamente produtos, operações e estratégias das empresas. Essas mudanças, ao mesmo tempo, estimulam a criação de soluções inovadoras e oportunidades de crescimento. 

Brasil: avanços regulatórios e impactos 

Nos últimos tempos, o Brasil aprimorou sua regulamentação para fortalecer aspectos de sustentabilidade no segmento de seguros: 

  • Política de sustentabilidade obrigatória: Seguradoras e resseguradoras precisam adotar políticas que considerem riscos e oportunidades socioambientais (Circular Susep nº 666/2022). 
  • Uso controlado de termos ESG e sustentável: Tais termos só podem ser utilizados quando houver benefícios ambientais ou sociais comprovados nos produtos (Resolução CNSP nº 473/2024). 
  • Investimentos em ativos verdes: Parte das reservas técnicas deve ser aplicada em ativos ambientais ou fundos relacionados, impulsionando o financiamento para a transição climática (Lei nº 15.042/2024). 
  • Cat Bonds no Brasil: A Lei nº 14.430/2022 introduziu as Letras de Risco de Seguros, aproximando o Brasil das práticas globais de securitização de riscos. 

Além das normas, o tema está sob análise do Supremo Tribunal Federal, que avalia a constitucionalidade da Lei do Mercado de Carbono (ADI 7795/2025). 

Perspectiva internacional: convergência e desafios jurídicos 

O cenário global segue tendência similar à do Brasil: 

  • Europa: Desde 2019, seguradoras são obrigadas a integrar riscos climáticos em modelos de solvência (Solvency II, EIOPA). 
  • Crescimento da litigância climática: 
  • Holanda (2023): Proibição à KLM de anunciar voos “carbono neutro” sem comprovação. 
  • Austrália (2023): Tribunal reconheceu publicidade enganosa em fundo “ético” da Vanguard. 
  • EUA (2024, em andamento): Delta Airlines processada por alegar neutralidade de carbono baseada em créditos florestais contestados. 

Esses exemplos evidenciam que empresas e seguradoras podem ser responsabilizadas por práticas de greenwashing ou pela omissão diante dos riscos climáticos. 

Oportunidades para o setor de seguros 

Apesar dos desafios, o ambiente regulatório abre portas para inovação e diferenciação: 

  • Produtos securitários voltados ao mercado de carbono, beneficiando empresas expostas à precificação de emissões. 
  • Soluções Baseadas na Natureza (SbN), com foco na proteção e restauração de ecossistemas para redução de riscos e agregação de valor ambiental. 
  • Novas tecnologias de mensuração de risco, promovendo maior precisão na precificação de seguros. 
  • Seguros de responsabilidade adaptados às demandas da transição energética e do novo marco regulatório climático. 

O setor de seguros está diretamente envolvido na agenda climática: ao alinhar produtos, investimentos e políticas às exigências regulatórias, seguradoras e resseguradoras contribuem para reduzir riscos jurídicos, fortalecer reputação e liderar a transição sustentável. 

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